domingo, 31 de maio de 2015

SUBMUNDO

Eu já paguei ao barqueiro
E o preço foi muito maior 
Do que era devido

Eu decidi esquecer os campos elísios
Eu corri direto para os subterrâneos
Eu prefiro ver a escuridão
Eu prefiro os monstros

Eu paguei seis moedas
E despedi o barqueiro
Não haverá viagem de retorno
Eu prefiro o labirinto
Eu prefiro o esquecimento

Eu despedi o barqueiro

Enquanto ele desparece em meio
A fumaça do rio que nunca se extingue
Com suas roupas andrajosas
Com sua cara cadavérica
Eu penso no preço que paguei
Ainda é pouco ou talvez tenha sido muito

Me volto para a boca da escuridão
E começo a caminhada com passos hesitantes
Mas com as armas embainhadas
E com as mãos relaxadas
Igual as daqueles que escolhem onde habitarão

Porque no final todos sabem:
Só quando se sente a dor é possível 
entender a dor daqueles que aqui não estão.

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