NOVOS POEMAS

NOSTALGIA


E as oito notas
Que formavam a melodia
Fugiram entre meus dedos
Tristes...

Busquei-as a noite inteira.
Quase as senti adentrando
Outra vez meu peito.
Mas era tarde.

O tufão de um pesadelo
Desgarrou-as de mim outra vez.
Sofro em silêncio...

Nem um alfabeto inteiro
Devolveria a alegria
De sentir novamente em mim 
As tuas letras derradeiras.







PORQUE CALAS?


Há muito que minha poesia
Anda calada
Quem sabe desconfiada.
Ela se perdeu na estrada
Talvez esteja encurralada
Há muito que minha poesia
Anda calada.

Há muito que minha poesia
Anda assim quieta
Quem sabe desarraigada
Porventura desatinada
Perdeu a alegria
Perdeu a inspiração
Perdeu a rima ousada
Há muito que minha poesia
Anda calada

Há muito que minha poesia
Abriu as asas
desapontada
Alçou voo
fugiu com medo da espada
que foi cravada na sua música
Há muito que minha poesia
Anda calada...

Quem sabe
Um dia ela volta
Ou a inspiração
Acabe vertendo sua graça
Sobre minha pena

Agora outros poetas
Falam por mim
Aquilo que minha poesia
Resolveu desdizer
Porque
há muito minha poesia
Anda assim totalmente
Fria
Cega
Surda
Insensivelmente
Calada.
(09/06/2012)


DESARRAIGADA


Eu quero de volta
Minhas raízes perdidas
Porque o frio
Já tomou conta do meu paço
E eu não sei mais
Que direção tomar

Eu quero encontrar
Minhas raízes ocultas
Aquelas que nem conheci
Porque o calor tormentoso
Já fez de sua minha casa
E não consigo
Mais expulsá-lo daqui.

Eu preciso rever
Minha paisagem perdida
Porque a fronteira está lá
Ao longe
E não quero chegar
Não quero partir
Não quero alcançar
Nem desistir.

Mas sinto a terrível
Saudade dessa fronteira
Que não conheci...
Vertida no meio
Da minha história
Atravancando a viagem
Que eu desejaria terminar.

Essa fronteira
Que foi e não minha
Me deixa na boca
O gosto da maresia
De um sabor
Que desconheço
Mas quero pra mim.

Eu preciso reencontrar
Minhas raízes
perdidas
esquecidas
ocultas
Pois essa fronteira
Não lograrei nunca
ter ou manter aqui.
(22/04/2012)

POR FALAR EM AMOR


Ah! Eu te amei.
Com o amor de todas as eras,
como um corpo
que verte de si
as últimas gotas
de água que o sustém,
de sonhos que se veem além.


E agora, quando passas por mim,
sou aquela sombra que vês
e não percebes.


Sim. Eu te amei!
Com o amor que sempre escondi.
Como se fosse a última era.
E era para mim.


Porque eu te amei...
Como se fosses o alfa e o ômega.


Então, como posso cortar em duas
a fatia fina desta dor?
Por que, acredita,
nunca mais amarei assim.
(19/04/2012)


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