terça-feira, 10 de maio de 2016

O FIM

Tudo na vida tem um começo e um fim.

O blog Avessasingularidade já passou por todas as fases que um buraco negro pode causar.

Então, está na hora de criar outro fenômeno celeste ou terrestre. Naturalmente que vou sentir falta das poesias estranhas que eu postava na sigularidade deste blog, minha primeira experiência na escrita virtual.

Mas a vida prossegue. O ser humano passa por novas experiências e vai introduzindo isto na vida.

Nesta faze em que vivo, quando tenho tempo, estou me dedicando mais a prosa, gênero com o qual me identifico mais.

O blog estará na internet e esta página aqui para quem quiser visitar ou revistar essas viagens poéticas que fiz durante mais de cinco anos.

Portanto, poesias agora, somente de forma eventual, no meu face particular, ou na página da Academia Rio-Grandina de Letras, no Jornal Agora.

Então, em nova fase. Em breve novidades.

Obrigada a todos que acompanharam este meu primeiro trabalho na web.

sábado, 19 de março de 2016

Eu preciso
Eu necessito saber
Eu quero ouvir tua voz dizer

Eu espero
Eu desejo
Eu anseio sentir a tua mão

Próxima e dentro da minha
Deslizando por minha pele
Enquanto acaricio a tua

Eu sonho
Eu antecipo
Como seria o gozo
De te ouvir confessar
      Sussurradamente
Que a mim também desejas
Que desejas do meu amor desfrutar.

domingo, 13 de março de 2016

COMÉDIA

Amor não é música nem silêncio

É um limbo melódico
que nos atravessa a garganta
e atinge o peito com a angústia
de uma morte em vida

Se aloja no coração
somente para ensurdecer
a cognição e os sentimentos
que sucumbem diante de
uma falsa alegria e uma gritante melancolia

O corpo se torna o teatro 
de um elenco que consome
lentamente
lentamente
todas as emoções de quem o sente

Amor é o fim desesperante
de quem nele se fia
É o arpão que fere a casca delicada ou grossa
de todos os seres que vivem

E no final da peça 
ante o cadáver de quem por ele foi tomado:
'É finita la commedia!' -
grita o coração morto embora retumbante.







sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O branco do papel fura
seus olhos castanhos
Ela já desistiu das letras
mas prossegue rabiscando.
Ilusão vã essa de que na hora certa
vai acertar o passo com o tempo
e dizer algo realmente espantoso.

Seus olhos furados
que assim mesmo veem
      - E, Deus! Ela daria tudo para não ver
                         para não sentir
                         para não temer
                         e, principalmente, não desejar -
analisam os insetos que permeiam
o ambiente por onde anda às apalpadelas
vislumbra o buraco em  irá
mais uma vez e ainda outra vez tropeçar
a claridade que oculta todos os seres
que rastejam ou não 
e deveriam se envergonhar dos dejetos
que deixam por onde teimam em passar.

Eles veem ainda
      - E como não queria ver -
a sombra que pensam perdeu sua hora
Contudo, ainda não, não ainda
deixará de espreitar de um canto qualquer
ficando a assombrar por um largo tempo
essas órbitas estranhas.

O branco do papel vazou seus olhos
que continuam, entretanto,
a serem janelas das almas alheias
enquanto escurecem
o que ela carrega em seu interior.

*Escrita em 28/01/2016, no 'stand' da Academia Rio-Grandina de Letras, durante a 43ª Feira do Livro do Cassino.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A MARCHA

Estou alimentando minha ira
Enquanto marcho para a guerra fria
e como cavalo da morte cavalga a minha frente

Já exorcizei nomes e rostos
Nada me importa
e o submundo continua a minha procura

Enfim abro os braços e me entrego 
a chacina da minha humanidade

Estou alimentando meu amor
com toda a raiva que sinto 
Ele sangra pela viela
Ele vai escorrer até deixar minhas veias

Eu voltei às armas
e deixei o submundo para cavalgar na terra
arrastando comigo os restos dos expurgos
que realizei enquanto caminhei pela escuridão

Avante – é o grito de guerra da amazona 
A guerra é fria, não haverá perdas desnecessárias
apenas as imprescindíveis 
para que ninguém mate novamente 
um coração que já foi puro

Eu estou alimentando minha ira
Ela galopa no cavalo da morte

Eu abro os braços
amanhã surgirá um novo dia
A chacina da minha humanidade acabou

Um dia ela ainda vai ressuscitar
mais forte, mais bela
quem sabe mais preparada para suportar 
a perda de todos os sonhos 

E mesmo no submundo
meu riso ensandecido será um guia
Para que eu 
                     [ou muitos] 
possam percorrer o labirinto destes dias escuros