sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CONTA GOTAS


RODAMOINHO

Gotas retilíneas caem no piso do pátio.

Mais uma pitanga despenca de sua mãe. Desperdício ou inevitabilidade?

O vento sopra um pouco leve, um pouco forte.

O calor derreteu.

Viração.

Mais uma frente fria chegou a cidade.


ESTRELINHAS PERDIDAS

Nunca fora daquelas alunas que recebiam estrelinhas no caderno. A letra era feia, aprendeu a ler de verdade somente na 2ª série do antigo primeiro grau, e, por causa de uma insuperável timidez, quando alcançou a cobiçada capacidade de leitura, nunca foi agraciada com alguma medalha porque não conseguia ler em público.

Também não recebia estrelinhas por seu capricho com os cadernos, a letra, além de feia, era escrita com tanta pressa que ao errar e apagar o erro para corrigi-lo, surgia um borrão na página em branco, que maculava todas as respostas certas. Além disso, as palavras dificilmente obedeciam às linhas e margens.

Verdade seja dita: poderia ter recebido algum troféu porque desenhava muito bem. Inclusive, no seio familiar, causou sensação por conseguir desenhar perfeitamente um elefante sem usar um esboço ou sem ter visto um ao vivo e a cores (exceto na televisão, claro). Mas também neste aspecto, por vergonha, raramente mostrava suas obras de arte a professora. Assim, também não recebeu nenhum reconhecimento por este dom.

Enfim, nada de estrelinhas no caderno, medalhas ou nome exposto no mural de sua sala de aula.

Seria por isso que toda vez que ganhava um troféu, jogando seu play station ou por alguma coisa que fazia na internet, virava criança como se houvesse encontrado o maior tesouro do Universo?

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