sábado, 6 de outubro de 2012

EDREDON DE LADRILHOS

No ladrilho da praça aturdida
dorme um principe maldito.

Coberto por um edredon sujo
sonha com casebres distorcidos
com uma dupla de pães adormecidos
um frango perneta além de mal cozido.

E sobre tua cabeça flutua um estranho balão:
“Ai, vida maldita, tu me embebedou
e depois me esqueceu”.

Na praça onde o relógio parou faz um século
dorme uma criança perdida
seja pela vida
seja pela morte
seja pelos seres que se esquecem de dar guarida

O relógio parou há um século, mas a vida não para
E o princípe maldito
não sei se belo
não sei se feio
se louco
se lúcido
dorme o que me parece sonhos dolorosos

O século já o esqueceu
A vida já o esqueceu
Tu, principe mendigo, já esqueceste a ti!

Somente o ladrilho frio da praça
sente tua presença e recebe teu corpo
sujo
esquálido
dopado
maltrapilho
sem reclamar.

Somente a praça aturdida com o passar das eras
aceita tua visita
e que durmas em seu chão sonhos que não vão se realizar.

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