domingo, 5 de agosto de 2012

VERTENDO ESTRELAS


VERTENDO ESTRELAS


E nessa ciranda louca
vão caindo, como fogo fatuo,
três ou quatro estrelas  
no estranho buraco
tão amargo como absinto.
Pesa a coléra na abóboda
que trincada está.
O palhaço dança seus passos tropêgos
no telhado frágil.
E a fúria sorri seu riso maldito:
“Quebrará ou viverá
o bobo bêbado
das massas esquecidas,
esquecido na bebedeira,
das gentes que dele não necessitam
mesmo sorrindo sorrisos embrutecidos?”
Quebra abóbada.
Quebra bobo.
Quebra platéia.
Somente a ira perdura,
equilibrando-se ante
o buraco enegrecido
das desafortunadas estrelas,
já mortas antes de terem nascido,
vertendo suas enfraquecidas luzes
no abismo mais quente quanto mais profundo.


*Foto obtida gratuitamente no Google Imagens.


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