quinta-feira, 14 de junho de 2012

TECENDO O DIA

O dia hoje é de preguiça, como todos na véspera de um feriado que foi precedido por um fim de semana. Choveu nesses dias e depois esfriou. O clima aqui no sul é assim, meio inóspito como a terra e as gentes que nele vivem. Sempre foi desse modo aqui.
Essa confusão entre o clima e as pessoas, entre as pessoas e a terra, entre a terra e a história se fez meio que desse modo: disputam as pessoas com o clima e a geografia. Disputa a natureza com os colonos deste rincão. Talvez não fosse para se viver nesta terra. Talvez ela devesse ter ficado sem ser preenchida pela presença humana.
É tão estranha essa junção. Terra, gado, gente, vegetação, vento, mar, colinas, animais selvagens, sol, frio, chuva, neve, cavalos, fronteiras; três povos, três histórias, três perdições, disputas e o frio da coragem para manter aquilo que não deveria ser de ninguém.
Mas hoje é um dia de preguiça! Eu não sei como acabei pensando nisso tudo. Meu cérebro parece meio atrofiado, com uma modorra a turvar meu pensamento. Meus sentimentos encharcados ficam estendidos no varal de roupas, tentando secar a custo, pelo sol de inverno que desponta e que mal aquece a carne, quanto mais consegue secar a terra molhada pela última chuva e pelo orvalho.
Mas eu só queria esquecer o que penso, o que revivo, porque hoje é dia de preguiça. Também devia ser dia de esquecer a vida. 
(Escrito em 30/04/2012)

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