terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
PROCISSÃO
Caminha o homem
e atrás
atrás a sua sombra
Volteia prédios
carros
praças
oficinas
A sombra atrás
e a frente o homem:
quase uma sina
Presa entre a luz e a semiescuridão
regurgita sua sede
sua fome
sua solidão
sua obscura autonomia
que diz ter mesmo sem tocar seus contornos
O homem caminha
e atrás sua sombra rasteja
Não pede nada, não lhe resta nada
somente lascas a lhe ferir os joelhos frouxos
Mas essa sombra persiste em seguir à sombra.
E a frente o homem continua a desejar
todas as coisas que sua mão não toca
O homem caminha
a sombra suspira
o mundo roda
e a procissão prossegue.
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