Existe um limite para tudo que se vê e se sente.
Quando esse é transposto não é apenas uma enxurrada que vem e nos leva de lá para cá. A pessoa submerge na onda que lhe atinge, é arrastada e empurrada para baixo, enquanto os braços e pernas se agitam desesperadamente e instintivamente para que o corpo sobreviva, para que consiga vencer a pressão da água e emergir.
A respiração é presa para garantir uns segundos a mais de oxigênio nos pulmões porque isso poderá significar a vida ou a morte. Mesmo os que estão se afogando e entram em pânico sabem disso. Muitas vezes sobrevivem porque o corpo desliga a mente, fazendo com que a inconsciência permita que o oxigênio que resta seja consumido com mais vagar pelo metabolismo e aquela pessoa, que pode estar chegando, possa realizar o resgate. As vezes, no entanto, o resgate não chega. Pelo menos a pessoa morre inconsciente sem nada sentir.
Contudo, o limite ultrapassado pelas ondas da vida causam o mesmo impacto. E quem se afoga no mar da vida pode sobreviver, pode morrer, ou voltar e viver eternamente na inconsciência de nada mais sentir ou conseguir ver, porque tudo lhe foi arrancado no acidente de percurso que sofreu.
Era assim que ele se sentia. Um afogado resgatado após ficar inconsciente. Só que ele não recuperara sua capacidade de ver e sentir. Resolvera deixá-la onde a perdera no momento que a onda explodiu em seu corpo.
Vivia uma morte em vida por opção.
Preferia que assim fosse do que sentir novamente tudo que perdera.
O medo era maior do que o desejo de ser feliz.
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