A lâmina atravessa meu peito
Eu já não sei os caminhos que percorro nesta cidade
tão velha quanto o que trago em meu interior
Essa sensação arrasadora de que o novo não me basta
que o velho não me completa
e que o que quero ainda não ocorrerá
é como as intempéries que se abatem
sobre o solo e desenterram antigos artefatos
Vou vivendo na expectativa de que a saudade
disto que sinto mas calo possa ser transformada
numa espécie de catarse que se tornará
a porta imprescindível para continuar
andando por estas ruas com essa vontade
de conhecer o que ainda não vi
A lâmina continuará encravada na rocha
que meu coração tem sido
a saudade estranha ainda pulsará
Algum dia ela será retirada
então poderei respirar outra vez:
livre, finalmente, livre.
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