Corro com o tempo para
conseguir alcançá-lo e manter o mesmo ritmo. Não quero vencê-lo, adestrá-lo ou apagá-lo,
apenas emparelhar com ele, como dois cavalos, numa prova de turfe, que surgem na
reta final da pista disputando cabeça a cabeça e que, em raras ocasiões,
conseguem chegar juntos na linha de chegada.
Será isto mesmo possível? O
empate entre os corcéis? O meu empate com o tempo? Talvez sim, nem que seja por
alguns instantes, breves, onde viverei o que é próprio do meu tempo de agora,
nem o de antes nem o do depois.
Corro com o tempo para torná-lo
favorável a mim pelo menos uma vez na minha vida. Não irei recuperar o que
perdi, contudo, talvez alcance o que não realizei quando ele esteve alguns
segundos a minha frente. Quem sabe, até, eu consiga viver somente o hoje, sem
pensar no que passou ou me preocupar com o que virá. Sem importar minha idade
real ou meus tropeços de criança crescida.
Então, continuo a disputar essa ininterrupta
maratona.
Corro, corro, corro.
Não para vencer, não para perder,
porque sei que isso irá acontecer. Mas persisto na corrida somente para não
deixar, sem batalha, que escorram entre meus dedos as pequenas e mais importantes
coisas que ainda posso fazer mesmo num singelo segundo.
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