mas prefiro o som da palavra estrangeira
para dizer o óbvio ululante:
o mundo quebrou faz tempo
tanto tempo que que não basta o tempo existente
para contar a novidade tão cansativamente conhecida
Mas a humanidade continua a caminhar
rumo ao buraco visível das ideias repetidas
como se fosse possível mudar o torto
quando os criadores distópicos
estão mais craquelados do que aquilo em que acreditam
Ninguém desentorta um poste
porque é impossível consertar o desconserto
Parte-se logo para a troca porque o remendo
custa muito caro para o poeta e seus leitores
Por isso, nada do que aqui vai
será considerado seriamente
Será tido como um poema desenganjado
perneta de politização
maneta de esperança
zumbificado pela falta de opinião
Mas quem prefere escrever em idioma diverso
é porque sabe que de nada adianta tergiversar
com os que acreditam saber mais e ter todas as soluções
e não aceitam que existe o direito inalienável de calar
diante de instituições remanufaturas
com prazo de garantia vencido e sem perspectiva
de renovação contratual.
As vezes o silêncio é a melhor arma
contra a guerrilha do dia a dia.
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