E
tu
tu lanças essas palavras infames ao
vento
que reverberam em meu rosto
como a tempestade que bate em meu corpo
inclementemente
A
chuva golpeia as vidraças
A
porta bate por causa da ventania
dolorosamente
enquanto
raios e trovões retumbam no espaço
O
temporal acossa meu corpo encharcado
Fico
aqui de braços abertos sentindo em mim
a
tormenta daquilo que nunca acaba
As
palavras gritam seus ecos em meus ouvidos
que
os acolhem sedentos mesmo constrangidos
Meus
olhos fechados viajam no tempo
Minhas
mãos tateiam as gotas escorregadias
capturando-as
sem as aprisionar
Então
grita
Grita esses vocábulos de água e fogo
que vergam minha vontade
O
veneno já foi difundido em minhas veias
O
trovão impele tua ânsia escondida
E
eu
eu apenas beberei o cálice dulcíssimo
das volições amortecidas.
2 comentários:
Que lindo, Adriane! A interpretação para cada texto, poema, crônica (apesar de ser já crítica) é muito subjetiva e não pude deixar de notar o sofrimento de quem escreve, da personagem. É tangível, é concreto. É como se os olhos dela ou dele se fechassem e o grito, o desespero para a fuga, naquela ocasião, se fizesse imediata. As discussões nunca são necessárias e ainda por cima causam dor. Como estas. Parabéns. Acredito ser o poema mais bonito que já li teu. Teu português brilhante e a sensibilidade me arrepiaram.
Grata Matheus.
Também gostei muito de escrever este poema e entrou para a pequena lista que nem cabe em uma mão dos textos de minha autoria que eu mais gosto.
Apreciei muito tua análise.
Aparece sempre que quiseres.
Abraços.
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