quarta-feira, 6 de março de 2013

FRENESI

Não dá, não dá.

Para qualquer lugar que tu vais nesta cidade, tu sempre chegas em cinco minutos.

Minha mente é muito grande ou sou eu que não me enquadro no pequeno mundo riograndino?

Nos dias de caminhada forçada eu corro pelas retas, quebro curvas, escalo calçadas, pulo buracos e, mesmo assim, alcanço meu destino em pouco mais de vinte minutos.

Serão os caminhos que são curtos ou os meus passos são maiores que as pernas? Embora eu não tenha pernas do estilo grilo.

Enquanto o som da música do IPOD retumba em meus ouvidos e vou percorrendo espaços esquecidos ou não. Travo a luta de manter o ritmo, apesar do corpo querer correr mais ou parar totalmente. O compasso muda, o coração acelera. Já transpira o meu corpo.

Corro, corro da fúria do universo, como o cachorro foge do que pensam ser o inferno.

Mas de nada adianta. Quando chego lá a calma ainda me sufoca. O sol já ficou para trás, os olhos do gato enigmático e insinuante continuam a me perseguir, um ciclista quase me levou na esquina, os veículos buzinam, as luzes se acendem, os gritos se sucedem. Ricos e mendigos passeiam ou descansam pelas ruas. As pessoas se trancam nas suas casas e a vida prossegue até o outro dia. 

E eu lá, na caminhada frenética para não perder o rumo da próxima esquina. Caminho e só. Vejo as quadras imperfeitas, com prédios novos ou em ruínas, que perturbam minha visão.

No meu corpo desaba a parede de um prédio bonito, mas que o dono não trata bem. Sufoco com com o cheiro de sua tristeza, seus tijolos me comprimem. Eu bem que queria ficar aqui até a escuridão engolir o dia. 

Mas não é possível permanecer onde não se pode estar, então prossigo correndo. 

Quem sabe o esforço físico, num surpreendente frenesi, leve consigo a calma, os barulhos e os cheiros.


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