Os
seus apêndices tremem há muito,
mas
o povo não percebe.
Nem
sua família,
desalfabetizada
há séculos.
E
ela só se ria,
saia
à rua e ria das reviravoltas que a vida não dá
mesmo
que outros queiram mudar o sentido de tudo.
Então,
enegreceu o dia lindo.
Ela
deixou o bar trôpega,
cansada
da rotina
e
daquele acordo que retirou
a
sua individualidade,
a
sua personalidade
de
velha formadora de novas teorias.
Haviam
lhe dado outros três filhos.
Haviam
retirado suas ênfases
e
até seu chapéu!
Seu
velho chapéu
que
tanta distinção lhe tinha dado.
Percorreu
a via que acompanhava
o
antigo canalete fedido
aos
tropeços, tombos, rastejamentos,
outros
hematomas e gargalhadas,
que
feriam o seu corpo
de
onde se provinha
um
cheiro de álcool e boteco velho.
Ela
olhou a água barrenta de sujeira
e
outras porcarias expelidas
pelos
moradores das ruas da vida,
que
nem um adjetivo desejam aprender.
Mesmo
assim, sorriu a última risada,
murmurou
o último verbo,
e
pulando a velha amurada
jogou-se
no lodo acumulado,
morrendo
engasgada com a última sílaba
e
afogada pela água que não batia na canela.
O
corpo foi achado e não identificado.
Após
devidamente limpo
foi
doado ao necrotério
para
ajudar os estudantes a fazer medicina
com
retalhos de palavras antigas.
A
família,
ao
saber do acontecido,
até
se lamentou.
Sua
filha mais velha
chorou
uma lágrima e concluiu:
“É uma pena.
“É uma pena.
Era
muito querida.
as
não entendia as modernidades...
Era
uma poesia velha e bêbada.
Acabou
na sarjeta como era esperado”.
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