O
dia hoje é de preguiça, como todos na véspera de um feriado que foi precedido
por um fim de semana. Choveu nesses dias e depois esfriou. O clima aqui no sul
é assim, meio inóspito como a terra e as gentes que nele vivem. Sempre foi
desse modo aqui.
Essa confusão entre o clima e as pessoas, entre as pessoas e a
terra, entre a terra e a história se fez meio que desse modo: disputam as pessoas com o clima
e a geografia. Disputa a natureza com os colonos deste rincão. Talvez não fosse
para se viver nesta terra. Talvez ela devesse ter ficado sem ser
preenchida pela presença humana.
É
tão estranha essa junção. Terra, gado, gente, vegetação, vento, mar, colinas,
animais selvagens, sol, frio, chuva, neve, cavalos, fronteiras; três povos,
três histórias, três perdições, disputas e o frio da coragem para manter aquilo
que não deveria ser de ninguém.
Mas
hoje é um dia de preguiça! Eu não sei como acabei pensando nisso tudo. Meu
cérebro parece meio atrofiado, com uma modorra a turvar meu pensamento. Meus sentimentos
encharcados ficam estendidos no varal de roupas, tentando secar a custo, pelo
sol de inverno que desponta e que mal aquece a carne, quanto mais consegue secar a terra
molhada pela última chuva e pelo orvalho.
Mas eu só queria esquecer
o que penso, o que revivo, porque hoje é dia de preguiça. Também devia ser dia de
esquecer a vida.
(Escrito em 30/04/2012)
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