Eu vou ver os traços azuis
Da felicidade espraiarem-se pelo céu
Enquanto meu coração sangrento
E meu corpo sedento restam aqui
Grudados na terra embrutecida
Pela espera infindável de nunca
Ter o que irá saciá-los
Eu observo as multidões
Elas resvalam ao meu lado
Tocam meu ser imóvel
Sem nem sentir que algo
Nele já está morto
Foi essa espera tão ínfima
Por uma coisa que iria alimentá-lo
Mas que eu sabia que não teria
Estes olhos que tudo veem
Estão sangrando absinto
Meu eu caminha pelas ruas
Ele ainda respira
Por isso eu vejo o tracejado da felicidade
Num céu agora nublado
É a chuva que vem e lava a alma
Mas não expurga a perda inexorável
E mesmo assim eu não lamento
A multidão escorrega pelas ruas
Meu ser continua desapercebido
Eu teimo em esperar
Quem sabe o que saciará meu âmago
Ainda voltará a me abraçar.
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