Vou dormir
a noite dos afogados
e que abrem os olhos
no outro dia desapaixonados
da vida
das alegrias
das tristezas
dos amores
Principalmente dos amores confusos e sem razão
mas quando soterrados retornam
como algo ainda mais indomável
que qualquer outra paixão
E eu vou acordar no dia posterior
mais morta do que viva
Terei os olhos esbranquiçados de quem já não vê
mas sente que nem um desesperado
Estarei também desapaixonada
mas correndo o risco
de não mais poder sufocar no peito
esses sentimentos produzidos
por um coração desfolhado
cujos retalhos de páginas
caem de pouco em pouco
no chão frio e insensível
As tristezas
as alegrias
as dores extravasadas
nas ondas que me levaram
E um amor intolerável
gritando nos meus ouvidos
sem encontrar eco no coração
de alguém que mais do que eu é tão desgraçado
Nenhum comentário:
Postar um comentário