terça-feira, 18 de setembro de 2012

UM QUER QUE SEJA



*Foto obtida gratuitamente no Google Imagens.


A chuva pegou lá fora. Está escorrendo pelas ruas, vidraças, capas e guarda chuvas. Acumulando poças e lama, mesmo no asfalto. Respingando as pessoas, os autos, os telhados das casas e os animais de rua.
Eu só gosto da chuva dessa época. 
Ela é diferente... Embora transtorne a vida de pedestres e motoristas, mesmo deixando a roupa úmida, embora o dia fique nublado, o que em outras épocas me deixaria totalmente frustrada. Essa chuva me lembra outra coisa, um quer que seja totalmente desigual das outras. Lembra que a estação está para mudar, que outras coisas surgirão no decorrer dos dias de mudança.
Esses pingos de hoje, que batem contra as velhas figueiras e refletem o verde que está surgindo nas mesmas; essa chuva que arrepia os passarinhos, mas que faz com que eles não se encolham tanto de frio, essa é aquela tromba de água que me levava para a rua em minha infância e me fazia dançar com meu irmão, pulando nas poças acumuladas na rua de areia em frente a casa em que morávamos, nosso abrigo e infortúnio.
Lembra do campinho em que brincávamos, jogávamos bola, soltávamos pandorgas ou brigávamos com amigos de infância. O campinho onde eu tentava domar cavalos alheios. Onde encontrávamos mistérios indecifráveis ou simples trilhas de formigas para admirar.
Essa chuva que agora despenca sobre Rio Grande não é daquelas que me desanimam, apenas me dão uma leve sonolência porque não sei se volto pra infância ou fico aqui, olhando o mundo adulto embasbacada com as coisas que acontecem.
Essa é a chuva que vem todo ano para me lembrar e me apaziguar, para me encantar com alguma coisa que ainda não descobri, mas sei que encontrarei em algum lugar. 
Essa é a chuva que me faz refletir naquilo que ainda poderá ser, mesmo que eu teime em dizer que não.

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