*Foto obtida gratuitamente no Google Imagens.
A chuva pegou lá fora. Está
escorrendo pelas ruas, vidraças, capas e guarda chuvas. Acumulando poças e
lama, mesmo no asfalto. Respingando as pessoas, os autos, os telhados das casas
e os animais de rua.
Eu só gosto da chuva dessa época.
Eu só gosto da chuva dessa época.
Ela é diferente... Embora
transtorne a vida de pedestres e motoristas, mesmo deixando a roupa úmida,
embora o dia fique nublado, o que em outras épocas me deixaria totalmente frustrada. Essa
chuva me lembra outra coisa, um quer que seja totalmente desigual das outras.
Lembra que a estação está para mudar, que outras coisas surgirão no decorrer
dos dias de mudança.
Esses pingos de hoje, que batem contra as velhas
figueiras e refletem o verde que está surgindo nas mesmas; essa chuva que
arrepia os passarinhos, mas que faz com que eles não se encolham tanto de frio,
essa é aquela tromba de água que me levava para a rua em minha infância e me
fazia dançar com meu irmão, pulando nas poças acumuladas na rua de areia em
frente a casa em que morávamos, nosso abrigo e infortúnio.
Lembra do campinho em que brincávamos, jogávamos
bola, soltávamos pandorgas ou brigávamos com amigos de infância. O campinho
onde eu tentava domar cavalos alheios. Onde encontrávamos mistérios
indecifráveis ou simples trilhas de formigas para admirar.
Essa chuva que agora despenca sobre Rio Grande não
é daquelas que me desanimam, apenas me dão uma leve sonolência porque não sei
se volto pra infância ou fico aqui, olhando o mundo adulto embasbacada com as
coisas que acontecem.
Essa é a chuva que vem todo ano para me lembrar e
me apaziguar, para me encantar com alguma coisa que ainda não descobri, mas sei
que encontrarei em algum lugar.
Essa é a chuva que me faz refletir naquilo que
ainda poderá ser, mesmo que eu teime em dizer que não.
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