Voluteiam papéis pela sala
sobre cadeiras, mesa, sofás
estantes e candelabros
Voluteia pelo ambiente
algo que não é nem gente nem sombra
Se perdeu do tempo e do corpo
Sobrevoa no manto das nuvens
Rasteja pela poeira do solo
Todos os segredos são inconfessáveis
e nem caixas comportam a dor
daquilo que foi escrito e não pode ser apagado
Confessou num dia de abril
Se arrependeu antecipadamente
daquilo que contou no silêncio
Somente os olhos foram testemunhas
e a boca e as mãos
e depois os pés
que fugiram sem pedir licença
Confessou e depois enlouqueceu
de inconformismo pela fuga
de medo por confessar o que nunca deveria ser dito
por deixar inconfesso o que importava
E agora são os papéis
que rodeiam o ambiente
que transportam o que não foi concluído
e que ditam os minutos
de um ser que preferiu ser mau dito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário